Origem


O Cais do Valongo foi o principal porto de entrada de africanas e africanos escravizados no Brasil e nas Américas

Localizado na Região da Pequena África, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), o Cais do Valongo foi o principal porto de entrada de africanas e africanos escravizados no Brasil e nas Américas. No presente, o espaço que recebeu cerca de um milhão de pessoas na condição de escravos, é tanto símbolo de representação deste marco histórico quanto local de liderança, memória e celebração das heranças africanas, resistência e liberdade para o protagonismo de vozes silenciadas.

As obras de construção do Cais do Valongo foram concluídas em 1811 e o lugar passou a ser utilizado nas atividades do comércio escravista até 1831. Funcionou em dinâmica articulada com os espaços em que os escravizados eram quarentenados, antes de serem vendidos e encaminhados para outras regiões do país e do mundo. 

Dada a sua importância para a história do Brasil e do mundo e a responsabilidade de preservação da memória, da resistência e da cultura construídas na diáspora, o Cais do Valongo foi reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO, em 2017.


Com o fim do tráfico negreiro, o Cais foi reconfigurado para receber a princesa Tereza Cristina de Bourbon, noiva de D. Pedro II, e renomeado como Cais da Imperatriz. Soterrados, material e simbolicamente, por diversas reformas urbanísticas e higienistas desde o período escravocrata à Reforma de Pereira Passos no início do século 20, os vestígios arqueológicos do Cais do Valongo vieram à tona somente em 2011, durante as obras de reurbanização da região portuária do Rio. Em tais obras do Porto Maravilha, foram revelados nas escavações, além dos resquícios humanos e evidências do cemitério, grandes quantidades de amuletos e objetos pertencentes aos africanos escravizados trazidos, sendo, em sua maioria, originários de territórios da África Central e da chamada Costa da Mina.

Dada a sua importância para a história do Brasil e do mundo e a responsabilidade de preservação da memória, da resistência e da cultura construídas na diáspora, o Cais do Valongo foi reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO, em 2017. Atualmente, o sítio arqueológico marcado pela dor, violência e lutas de gerações historicamente exploradas, é também referência da resistência de populações negras através de seus valores e expressões culturais.